quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SER MULHER EM PAÍSES MUÇULMANOS

Este tema veio-me à memória na sequência de um livro lido este verão, que de alguma forma, me fez pensar de maneira mais refletida sobre a condição das mulheres nos países muçulmanos. Esse livro intitula-se “Mil Sóis Resplandecentes” e constitui uma obra que nos transporta para um mundo impiedoso, complexo, cheio de violência, injustiça, desigualdade e falta de liberdade. Ao mesmo tempo, constitui uma mensagem de coragem e de amor.
Relata-nos a estória de duas mulheres afegãs casadas com o mesmo homem, unidas pela amizade e pela dor proveniente dos abusos que lhes são infligidos, dentro e fora de casa, em nome do machismo e da violência política vigente durante o regime taliban, mas separadas pela idade e pelas aspirações de vida.
Este romance decorre no Afeganistão, em plena revolução política e social, mas a temática da violência e discriminação contra as mulheres é comum na maioria dos países muçulmanos. Este é um tema sobre o qual nos habituamos a ouvir falar um pouco por todo o lado mas que ganha nova dimensão quando lemos obras que o abordam de forma muito real.
Em determinados países e culturas a desigualdade e discriminação relativamente às mulheres continua a persistir. As mulheres continuam a ser vítimas de uma marginalização e de uma violência intoleráveis, com frequência às mãos do seu parceiro ou de familiares próximos.
Atos como violação, maus tratos, escravidão, falta de liberdade, que na nossa cultura são considerados bárbaros e impensáveis, nos dias de hoje, na cultura muçulmana são apenas uma realidade vivida por muitas pessoas e, principalmente e quase na totalidade, por mulheres.
Esta violência é de tal forma exacerbada que, com frequência, leva à morte ou mutilações. Os Direitos Fundamentais são, para estas mulheres, uma miragem e não têm, apesar de todas as leis, códigos éticos e morais, a eles acesso. A própria dignidade, que é intrínseca a qualquer ser humano, é abalada.
Argumentos de carácter cultural não justificam, por si só, toda esta violência dirigida para as mulheres muçulmanas. A condição de mulher nestes países pode e deve ser contestada sem que para isso se tenha de, forçosamente, renegar as origens e religião desses países.
Apesar de toda a intervenção da comunidade internacional ainda temos um longo caminho a percorrer na defesa das mulheres violentadas.
Mulheres Mulçumanas (burca)


Algumas das principais regras que a mulher afegã tem de obedecer durante o regime da milícia islâmica talibã:
·        É absolutamente proibido às mulheres qualquer tipo de trabalho fora de casa.
·        É proibido às mulheres andar nas ruas sem a companhia de um “nmahram” (pai, irmão ou marido).
·        É proibido ser tratada por médicos homens, mesmo que em risco de vida.
 
·        É proibido o estudo em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional.
·        É obrigatório o uso do véu completo (“burca”) que cobre a mulher dos pés à cabeça.
·       É permitido chicotear, bater ou agredir verbalmente as mulheres que não usarem as roupas adequadas (“burca”) ou que desobedeçam a uma ordem talibã.
·       É proibido qualquer tipo de maquilhagem (foram cortados os dedos a muitas mulheres por pintarem as unhas).
·        É proibido falar ou apertar as mãos de estranhos.
·        É proibido à mulher rir alto (nenhum estranho pode ouvir a voz da mulher).
·        É proibido o uso de roupas que sejam coloridas.
·        As mulheres são proibidas de aparecer nas varandas das suas casas.
·        As mulheres são proibidas de usar as casas-de-banho públicas.

Exemplos de obras inseridos neste tema:

       Desfigurada – Rania al-Baz
       Infiel - Ayaan Hirsi Ali
       O Rosto Atrás do Véu - Donna Gehrke - White
      Vendidas - Zana Muhsen




Curiosidade: Prémio Nobel da Paz de 2011 é dividido entre três mulheres


Três mulheres - a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a também liberiana Leymah Gbowee e a ativista iemenita Tawakkul Karman - foram galadoardas com o Prêmio Nobel da Paz de 2011. O anúncio foi feito dia 7 de outubro em Oslo, Noruega.
O comité do Nobel justificou o prémio como reconhecimento de "lutas não violentas pela segurança das mulheres e pelos direitos das mulheres de participar no trabalho de construção da paz".
Vencedoras do Prémio Nobel da Paz 2011







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