quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Estrutura Interna e Externa de Os Lusíadas

A estrutura interna é composta por:


Proposição - onde o poeta refere os seus objetivos; exposição dos propósitos/intenções (estrofes 1,2 e 3 do canto I);
Invocação - onde o poeta invoca as Tágides ou Ninfas do Tejo; pedido de ajuda às entidades sobrenaturais (canto I estrofe 4 e 5, canto III, canto IV e X);
Dedicatória - onde dedica o poema a El-Rei D. Sebastião (estrofe 6 à18 do canto I, estrofe 146-156 do canto X);
Narração - desenvolvimento do assunto, já a meio da acção " in media res"  (canto I, estrofe 19 e termina no canto X, estrofe 144).


Plano da viagem (plano central, canto I,II,IV,V,VI,VII,VIII): representa a acção central do poema. Camões sentiu necessidade de introduzir um segundo nível narrativo de modo a enriquecer a sua epopeia, que corria o risco de ser um diário de bordo. Ou seja, é a celebração de uma viagem.


Plano mitológico (plano encaixado, canto III,IV,VIII): o recurso aos deuses pagãos é uma forma de o poeta elevar os feitos dos Portugueses. Os deuses referem-se aos portugueses de forma elogiosa e o facto de os deuses terem como objectivo de disputa e intriga os Portugueses é também uma forma de celebrá-los.


Plano da História de Portugal (plano paralelo, canto I,II,VI,IX,X): Camões narra a história de Portugal até ao reinado de D. Manuel I. Decorrem duas narrativas, a primeira é de Vasco da Gama ao rei de Melinde, e a segunda é de Paulo da Gama ao Catual.


Plano do poeta (plano ocasional, canto I, III,V,VI,VII,VIII,IX,X): no final de cada canto, o poeta interrompe a narrativa para apresentar as suas reflexões sobre assuntos diversos. Camões ergue a voz, na primeira pessoa.


Estrutura externa :

  • Forma narrativa;
  • Versos decassílabos (geralmente heróicos, com o acento na 6ª e 10ª silabas);
  • Rimas com esquema abababcc (rima cruzada nos primeiros 6 versos e emparelhada nos 2 últimos);
  • Estâncias-oitavas;
  • Poema dividido em dez cantos (1102 estâncias, sendo o canto mais longo o X com 156 estrofes e o mais pequeno o VII com 87 estrofes), 10 cantos.


    Os Lusíadas - Título

    Creio não poder haver duvidas de que o nome de Lusíadas  o foi Camões encontrar em andré de Resende, em cujo Vicentius et Martyr, publicado em 1545, e ainda no Erasmi Encomion e numa epístola, provavelmente de 1561, dirigida ao poeta Pedro Sanches, o humanista usa desta palavra – e como de sua invenção reinvidica, indicando o processo: “A Luso unde Lusitania dicta est, Lusiadas adpellavimus Lusitanos et a Lysa Lysiadas, sicut a Aanea Aeneadas dixit Virgilius. (…)”. Assim, passemos a questões de mais vivo interesse, até porque menos tratadas. Na verdade, o que mais importa não é a origem da palavra – nem a sua utilização por Camões. O que importa não é o achado linguístico e o nome do humanista a quem ele pertence, mas o achado literário do poeta de quem nos ocupamos.

    E consiste em dar ao seu poema, não o nome através do qual entrevíssemos acções de um herói, como Aeneada, Franciade, Orlando Inamorato, Orlando Furioso e outros; não um nome que suscitasse a limitada evocação de uma acção militar , posto que grande – Ilyada, Pharsalia, Punica, Thebaida, Gerusalemme Liberata, ou de uma grande viagem, como Odyssea, Argonautica, senão em lhe dar nome que logo nos anuncia a história de todo um povo – “Os Lusíadas”.

    Classicismo

    O classicismo é um movimento cultural que valoriza e resgata elementos artísticos da cultura clássica (greco-romana). Nas artes plásticas, teatro e literatura, o classicismo ocorreu no período do Renascimento Cultural (séculos XIV ao XVI). Já na música, ele apareceu na metade do século XVIII (Neoclassicismo).


    Características:

    - Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma;


    - Influência do pensamento humanista;


    - Antropocentrismo: o homem como o centro do Universo;


    - Críticas as explicações e a visão de mundo pautada pela religião;


    - Racionalismo: valorização das explicações baseadas na ciência;


    - Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;


    - Universalismo: abordagem de temas universais como, por exemplo, os sentimentos humanos.


    Principais representantes do Classicismo dos séculos XIV ao XVI:

    - Na literatura destacou-se o escritor português
    Camões, autor da grandiosa obra Os Lusíadas. Podemos também destacar os escritores: Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio.


    - Nas artes plásticas, podemos destacar: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Andrea Mantegna, Claudio de Lorena entre outros.
                                                          
    Leonardo Da Vinci

    Humanismo

    O Humanismo pode ser definido como um conjunto de ideais e princípios que valorizam as ações humanas e valores morais (respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade, etc). Para os humanistas, os seres humanos são os responsáveis pela criação e desenvolvimento destes valores. Desta forma, o pensamento humanista entra em contradição com o pensamento religioso que afirma que Deus é o criador destes valores.

    O humanismo desenvolveu-se e manifestou-se em vários momentos da história e em vários campos do conhecimento e das artes.

    Humanismo na antiguidade clássica (Grécia e Roma): manifestou-se principalmente na filosofia e nas artes plásticas. As obras de arte, por exemplo, valorizavam muito o corpo humano e os sentimentos.

    Humanismo no Renascimento: nos séculos XV e XVI, os escritores e artistas plásticos renascentistas resgataram os valores humanistas da cultura greco-romana. O antropocentrismo (homem é o centro de tudo) norteou o desenvolvimento intelectual e artístico desta fase.

    Positivismo: desenvolveu-se na segunda metade do século XIX. Valorizava o pensamento científico, destacando-o como única forma de progresso. Teve em Auguste Comte seu principal idealizador.

    Renascimento

    Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII, Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever os seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.

    Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direcção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".

    O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e, menos intensamente, em Portugal e Espanha, e em suas colónias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que o termo "Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão europeia dos ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do Maneirismo. Além disso, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de opiniões historicamente consagradas a respeito deste período, considerando-as insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito mais complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações.



    Luís Vaz de Camões

    Luís Vaz de Camões é um homem do Renascimento que brilhou como épico e como lírico, tendo, no entanto experimentado também o género dramático.


    Espirito irrequieto meteu-se em brigas que o levaram à prisão e depois ao exilio. Era de ascendência fidalga não se sabendo bem se nasceu em Lisboa ou em Coimbra, possivelmente em 1524. O dia da sua morte é celebrado com feriado nacional, em 10 de junho (1580).


    Há também muitas dúvidas em relação a sua mãe referida em documentos da época como Ana de Sá e Ana de Macedo.


    Camões era essencialmente um lírico profundamente amoroso, havendo a necessidade de investigar nomes reais ou supostos das suas inspiradoras, como é o caso mais flagrante o nome Natércia que seria uma anagrama de Catarina. Mas quem era essa Catrina? Há dúvidas que fosse D. Catrina de Ataíde.


    Também sobre o número de desterros há duvidas que nos exigem um estudo mais aprofundado, visto serem referidos nos seus poemas.


    Regressado a Portugal em 1570, depois de passar muita fome, conseguiu ver impressa a sua obra imortal, a epopeia de Portugal, mas morreu miseravelmente em Lisboa sendo enterrado numa vala comum, sem honras nem sinais de sepultura. Em 1595 foram os seus supostos restos mortais postos por admirador numa sepultura com lápide que o terramoto de 1755 dispersou.

    Luís Vaz  de Camões

    Álvaro de Campos

    Sendo o heterónimo pessoano que o poeta mais publicou, Álvaro de Campos é também aquele que percorre uma nítida curva evolutiva, passando por três fases:

    Fase Decadentista – é a fase do “Opiário”

    ·         Traduz-se por sentimentos de tédio, náusea, cansaço, abatimento e necessidade de novas sensações;

    ·         Evidência falta de sentido para a vida e desejo de fuga à monotonia. Procura refúgio no ópio. Estilo lento e arrastado.

    Fase Futurista/ Sensacionista – é a fase da “Ode Triunfal”

    ·         Exaltação da civilização moderna e do progresso;

    ·         Faceta provocatória e subversiva/ruptura com o passado;

    ·         Celebração do triunfo da máquina, da energia mecânica;

    ·         Apresentação de maquinismo em fúria e da força da máquina em oposição à beleza tradicional;

    ·         Evidência o ideal futurista de Campos;

    ·         Regista-se na intelectualização de sensações;

    ·         Procura o excesso de sensações até à violência;

    ·         Quer sentir a violência e a força de todas as sensações;

    ·         Influenciado por Whitman e por Marinetti.

    Fase Intimista

    ·         Instala-se o tédio, a náusea e a angústia existencial;

    ·         Instala-se o desencontro com os outros e o abatimento;

    ·         Céptico, o poeta sente-se rodeado pelo sono e pelo cansaço, revelando desilusão e revolta;

    ·         Estamos perante um Campos decaído, melancólico e devaneador que se sente vazio  e incompreendido;

    ·         Revela vício de pensar, recusa tudo e manifesta perda de identidade;

    ·         Apela ao direito de solidão;

    ·         Aponta a infância como simbolo da felicidade perdida;

    ·         Assemelha-se ao Fernando Pessoa Ortónimo.


    Estilo:
    - Verso livre, estilo esfuziante, vertiginoso e torrencial;
    - Exclamações, interjeições, apóstrofes, enumerações, onomatopeias... 
    . Estas características encontram-se sobretudo na 2ª fase ( Fase Futurista/ Sensacionista).