Os heterónimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta. Cada um deles tem a sua própria biografia, uma temática poética singular e um estilo específico.
O processo de heteronímia por Fernando Pessoa foi iniciado a 8 de março de 1914, dia considerado pelo poeta como “triunfal” ( nascimento de Alberto Caeiro , consciência da existência de Ricardo Reis e aparecimento violento de Álvaro de Campos). Um caos interior parecia fragmentar a sua personalidade e, em seguida, multiplica-la. Pessoa tinha consciência disso e reconhece a pluralidade dos “eus” que o habitam. Nas cartas a Adolfo Casais Monteiro, define-se como dramaturgo , cujas diversas personalidades dialogam entre sí, explicando assim o surgimento dos heterónimos.
Alberto Caeiro: “Nasceu” de uma partida que Pessoa queria fazer a Sá-Carneiro (inventar um poeta bucólico e apresentar-lho em qualquer espécie de realidade). Não conseguindo elaborar nenhum poema, Fernando Pessoa decide desistir. Nesse mesmo dia escreve poemas a fio, abrindo com o título O Guardador de Rebanhos. Nesse momento apareceu o Mestre.
· Nasce em Lisboa, em 1889, e morre de tuberculose, em 1915, vivendo a maior parte da sua vida no campo.
· Apresenta estatura média, aspeto frágil, é louro sem cor, de cara rapada e olhos azuis.
· Não tem profissão, apenas detém instrução primária.
· Fica órfão de pai e mãe muito jovem e vive com uma tia avó, de pequenos rendimentos.
Álvaro de Campos: "Nasceu" como um discípulo de Alberto Caeiro.
· Nasce em Tavira, a 15 de outubro de 1890, à 13:30 da tarde.
· Branco e moreno, de cara rapada e cabelo liso com risca ao lado.
· Usa monóculo fazendo lembrar um judeu português.
· É alto (1,75 m), magro e um pouco curvado.
· Forma-se em Engenheira Naval, em Glasgow, porém vive em Lisboa em inatividade.
Ricardo Reis: É conhecido como o mais clássico dos heterónimos pessoanos.
· Nasce em 1887, no Porto.
· É educado num colégio de jesuítas, recebendo uma educação latinista e tornando-se por autodidatismo, um amante da cultura helénica.
· É mais baixo, mais forte e mais seco que Alberto Caeiro.
· Tem a cara rapada.
· Forma-se em Medicina e exila-se voluntariamente no Brasil, a partir de 1919, por ser monárquico.
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