sexta-feira, 1 de junho de 2012

Reflexões sobre a matéria lecionada


Fernando Pessoa – Ortónimo e Heterónimos

     O principal traço da poesia do ortónimo é o binómio sentir/pensar que conduz à dialética consciência/inconsciência. Ansioso por permanecer no mundo dos sentidos Pessoa debate-se com a força do intelecto que não lhe permite alcançar a felicidade alegre da inconsciência. Assim, sente a dor de pensar e deseja ser a ceifeira anónima, inconsciente e feliz, inveja a sorte do gato que rege a vida pelos seus instintos, e tenta recuperar os tempos de infância, o paraíso perdido e longínquo em que onde foi feliz. Contudo trata-se apenas de fugas de si mesmo e o que permanece é a desagregação do tempo, o desencanto e angústia da efemeridade da vida.
O fenómenos da heteronímia consiste na despersonalização do “Eu” e na fuga á individualização do Ortónimo que, sentindo-se fragmentado entre o sentir e o pensar, se desdobra na criação de seres fictícios. Trata-se pois na conceção imaginária de figuras exatamente humanas que eram gente, que se movimentavam num palco onde desfilam, pelo menos, quatro personagens diferentes: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Pessoa Ortónimo.



Lusíadas


Os Lusíadas (século XVI) constituem uma das obras que melhor exprimem a glória do povo descobridor que, graças ao seu espírito aventureiro deu novos mundos ao mundo e unificou a Terra, complementando os seus objetivos religiosos de acordo com o ideal de cruzada. Expandir a Fé e o Império é o grande objetivo que sempre norteou o Homem português, que Camões glorifica na sua epopeia em dez cantos de oitavas, com versos decassilábicos, num estilo grandioso e eloquente, onde a mitologia constitui um dos planos ao lado da História de Portugal, da viagem á Índia e das intervenções do Poeta. Camões canta a glória portuguesa do Império já conquistado, mas dirige-se a D. Sebastião a quem dedica a sua obra num tom de lamento, e nas suas reflexões lança uma crítica aos poderosos, à política e ao desprezo pela cultura.



O Adamastor


Mensagem

Fernando Pessoa em Mensagem, contempla a sua pátria decadente e moribunda do presente e mitifica o passado glorioso português tendo como símbolos Ulisses e D. Sebastião, e evocando várias figuras heroicas na terra e no mar, para que as suas vozes e os seus feitos se elevem e venham despertar do sono e da inércia os portugueses do século XX, reacendam chama da fé e da esperança e partam à conquista do Futuro. Numa obra constituída por 44poemas de estrofes, métrica e rima variadas, numa linguagem densa, cuidada e por vezes abstrata e num discurso épico, lírico e simbólico. Pessoa recompõe a história de Portugal dividindo o texto em três partes (“Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”).

Felizmente Há Luar!

Felizmente Há Luar!, texto emblemático do teatro português dos anos 60, desenvolve um conjunto de temas (opressão, luta pela liberdade, amor) que constituiu um todo indissociável.
É um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico ou brechtiano. O teatro épico tem como objetivo levar o espetador a pensar e refletir sobre o que se passa em cena. Por isso, Sttau Monteiro em Felizmente Há Luar! visa denunciar, não só as crueldades cometidas durante o regime absolutista, mas também despertar os leitores/espectadores para as crueldades e injustiças que se cometiam em Portugal durante o período do fascismo. O século XIX funciona assim como uma janela aberta para o século XX, num tempo em que a censura proibia tudo o que fosse contra o poder instituído.
Concluindo, poder-se – á afirmar que Felizmente Há Luar! se constitui como uma espécie de hino a todos os residentes e a todos aqueles que lutaram pelo fim da opressão e pela restituição da liberdade do povo português.






Memorial do Convento


Memorial do Convento é um romance que, partindo de um facto histórico – a construção do Convento de Mafra, não se limita apenas ao relato objetivo dos factos mas ficciona-os através da atuação de personagens que fogem à logica da História.
            Na verdade, e embora o narrador relate, de forma cuidadosa, pormenores históricos, reais, que envolveram a construção do convento, a história de Baltasar e Blimunda e o projeto de construção da passarola do padre Bartolomeu de Gusmão vão para além da História, entrando no domínio da ficção e mesmo na esfera do maravilhoso.
            Esta coexistência, entre a Historia e a ficção é uma forma de o narrador/autor mostrar que os verdadeiros heróis da história não são, na maioria das vezes, as personagens oficiais, mas sim o povo anónimo e sofrido.
            Assim, posso afirmar que, em Memorial do Convento, História e ficção acabam por ser o positivo e o negativo de uma mesma realidade. 


Convento de Mafra
D. João V


Passarola




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