Ação
O
rei D. João V, Baltasar e Blimunda e Bartolomeu Lourenço protagonizam as
diversas ações que se entretecem em Memorial
do Convento.
A
ação principal é a construção do convento de Mafra. Esta ação resulta da
reinvenção da História pela ficção. Situando-se no início do seculo XVIII,
encontra-se um entrelaçamento de dados históricos, como o da promessa de D.
João V de construir o convento de Mafra, e o do sofrimento do povo que nele
trabalhou. Conhece-se a situação económica e social do país, os autos-de-fé
praticados pela Inquisição, o sonho e a construção da passarola voadora pelo
padre Bartolomeu de Gusmão, as críticas ao comportamento do clero, os
casamentos da infanta Maria Barbar e do príncipe D. José.
Paralelamente
à ação principal, encontra-se uma ação que envolve Baltasar Sete-Sóis e
Blimunda Sete Luas. São estas personagens que estabelecem, muitas vezes, o fio
condutor da intriga e que lhe conferem fragmento de espiritualidade, de
ternura, misticismo e de magia.
A
centralidade conferida às obras do convento e os espaços sociais de Lisboa ou
Mafra dão frequentemente lugar a uma intriga de profunda humanidade trágica. As
duas ações voluntariamente surgem em fragmentos que se reconstituem por
encaixes vários e recriam situações, costumes, tradições, ambientes e
problemas.
Convento de Mafra |
Espaço:
Espaço
Físico:
É o espaço real, onde os acontecimentos
ocorrem, confere verosimilhança à história narrada. O cenário da obra tem dois
macro-espaços:
Lisboa, cujos
micro-espaços são:
Terreiro do Paço - local onde se situava o palácio do rei, é o centro do poder;
Rossio - é o
centro urbano onde tem lugar as festividades como os autos-de-fé, as procissões
e as touradas;
Abegoaria - na Quinta do Duque de Aveiro, em S.Sebastião da Pedreira, é o local
onde a passarola é construída.
Mafra, cujos
micro-espaços são:
Vila de Mafra - é uma pequena população que sobrevive pela agricultura e que vive
isolada da civilização até o rei escolher Mafra como local da construção do
convento;
Alto da Vela - é o local da construção do convento;
Ilha da Madeira - é um aglomerado de barracões de madeira onde se localiza os
alojamentos dos operários que trabalham na construção
- Espaço
Social:
É relatado através de determinados
momentos e do percurso de personagens que tipificam um determinado grupo
social, caracterizando-o. O ponto de vista sociológico em que o narrador se
coloca permite-lhe apresentar um quadro claro da vida social do século XVIII.
- A vida na corte, com a apresentação do séquito real,
do vestuário das personagens, das vénias protocolares, do ritual das relações
entre o rei e a rainha e todos aqueles que frequentam o paço, sobretudo o clero
(Cap. I);
- Diversas procissões, nomeadamente, a de penitência
pela altura da Quaresma (Cap. III), a dos autos-de-fé (Cap. V e XXV); a do
Corpo de Deus em Junho (Cap. XIII); que atestam a influência da religião na
sociedade;
- O batizado da princesa Maria Bárbara no dia da Nossa
Senhora do Ó (VII);
- A tourada em Lisboa, no Terreiro do Paço (IX);
- Os festejos da inauguração e da bênção da primeira
pedra do convento de Mafra (XII);
- As lições de música da infanta Maria Bárbara
ministradas por Domenico Scarlatti (XVI);
- A epidemia de cólera e febre-amarela que dizima o
povo (XV);
- O cortejo nupcial que retrata os casamentos da
infanta Maria Bárbara e do príncipe D. José com o príncipe e infanta espanhóis
(XXII);
- Sagração, em 1730, do convento de Mafra,
apesar de ainda não concluídas as obras (XXIV) …
- Espaço
Psicológico:
Este
espaço é entendido através do monólogo interior em que as personagens revelam o
seu íntimo ou representado através do sonho/imaginação da evocação, da memória
e da emoção, podendo, também, ser sugerido através da descrição de atmosferas
ilustrativas do pensamento predominante de uma época.
Ora,
em Memorial do Convento, a vida da sociedade do século XVIII pauta-se por uma religiosidade
fanática e opressiva que dita as regras do comportamento social. É exemplo
deste espaço psicológico quando Baltasar relembra o momento em que perdeu a sua
mão esquerda na guerra.
Tempo
Relativamente ao tempo da história,
sucessão cronológica de acontecimentos, contatamos que a ação decorre durante o
reinado de D. João V, tendo início no ano de 1711. O monarca encontrava-se
casado com D. Maria Ana Josefa, que chegara da Áustria “há mais de dois anos”.
Por outro lado, D. João V, nascido em 1689, teria nessa altura vinte e dois
anos.
Ao longo do romance, encontramos inúmeras referências
temporais que os dão conta da passagem do tempo: “há seis anos que vivem como
marido e mulher…”; “Desde que na vila de Mafra, já lá vão oito anos, foi
lançada a primeira pedra da basílica, essa de Pero Pinheiro…”.
O narrador faz a disposição do tempo da história
através de uma organização própria, o tempo de discurso, onde têm lugar
as analepses (“Não tem ninguém em Lisboa, e em Mafra, donde partiu anos atrás
para assentar praça na infantaria de sua majestade”) e inúmeras prolepses, que
denotam claramente a focalização omnisciente do narrador: “é o caso da rainha,
devota parideira, que veio ao mundo só para isso, ao todo dará seis
filhos…”.
Estrutura
A estrutura de um romance assenta na coexistência de vários
conflitos que se enredam e através do texto manifestam ou desocultam a
realidade e os problemas do ser humano.
Em Memorial do Convento observa-se uma
reinvenção da História, de atos e de comportamentos para despertar os leitores
para situações reais perturbantes que devem ser analisadas. Pela ficção e com a
sua palavra reveladora e denunciadora, José Saramago propõe o repensar da
História portuguesa à luz das mentalidades atuais e possibilita a
consciencialização sobre a verdade do homem. Assim, consegue a missão do
escritor que, numa realização estética, fornece uma mensagem ética.
A estrutura de Memorial do Convento apresenta
duas linhas condutoras da ação - a construção do convento de Mafra e relações
entre Baltasar e Blimunda - que se entrelaçam como acontecimentos diversos
recolhidos na História ou fantasiados.
Memorial do Convento está dividido em 25 partes,
ou capítulos, não nomeadas nem numeradas, mas perfeitamente reconhecidas pelos
espaços em branco que as separam.
Dimensão
simbólica/histórica
Memorial do Convento é uma obra
onde podemos encontrar uma enormidade de elementos simbólicos. Para além de
objetos, as personagens, os números, os espaços, parece que tudo tem um valor
simbólico importantíssimo. Aqui ficam presentes os símbolos e respetivo
valor a não esquecer:
Convento de Mafra - representa a ostentação régia e o místico religioso. Mas também testemunha a dureza a que o povo está sujeito, a miséria em que vive, a exploração a que é sujeito apesar da riqueza do país.
Passarola voadora - simboliza a harmonia entre o sonho e a sua realização, o desejo de liberdade. Permitiu a união entre Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda, que juntaram a ciência, o trabalho artesanal, a magia e a música para construir e fazer voar a passarola. Símbolo de fraternidade e igualdade capaz de unir os homens cultos e os populares.
Blimunda - representa um elemento mágico difícil de explicar: possui poderes sobrenaturais que lhe permite compreender a vida, a morte, o pecado e o amor. Através de Blimunda o narrador tenta entrar dentro da história da época e denunciar a moral duvidosa, os excessos da corte, o materialismo e hipocrisia do clero, as perseguições i injustiças da inquisição, a miséria e diferenças sociais.
Número “sete” - é o número de dias de cada ciclo lunar, que regula os ciclos de vida e da morte na Terra. Símbolo de sabedoria e de descanso no fim da criação.
Baltasar Sete-Sóis / Blimunda Sete-Luas - o sol símbolo de vida, associa-se ao povo que trabalha incessantemente, como o próprio Baltasar, apesar de decepado. a lua não tem luz própria, depende do sol, tal como Blimunda depende de Baltasar. A lua atravessa fases, o que representa a periodicidade e a renovação.
Cobertor - símbolo de afastamento, da separação que marca o casamento de convivência entre o rei e a rainha. Liga-se à frieza do amor, à ausência do prazer, esconde desejos insatisfeitos.
Colher - símbolo de aliança, da “união de facto”, de compromisso sagrado. Exprime o amor autêntico numa relação de paixão, a atração erótica de um casal que desenvolve uma calorosa paixão.
Convento de Mafra - representa a ostentação régia e o místico religioso. Mas também testemunha a dureza a que o povo está sujeito, a miséria em que vive, a exploração a que é sujeito apesar da riqueza do país.
Passarola voadora - simboliza a harmonia entre o sonho e a sua realização, o desejo de liberdade. Permitiu a união entre Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda, que juntaram a ciência, o trabalho artesanal, a magia e a música para construir e fazer voar a passarola. Símbolo de fraternidade e igualdade capaz de unir os homens cultos e os populares.
Blimunda - representa um elemento mágico difícil de explicar: possui poderes sobrenaturais que lhe permite compreender a vida, a morte, o pecado e o amor. Através de Blimunda o narrador tenta entrar dentro da história da época e denunciar a moral duvidosa, os excessos da corte, o materialismo e hipocrisia do clero, as perseguições i injustiças da inquisição, a miséria e diferenças sociais.
Número “sete” - é o número de dias de cada ciclo lunar, que regula os ciclos de vida e da morte na Terra. Símbolo de sabedoria e de descanso no fim da criação.
Baltasar Sete-Sóis / Blimunda Sete-Luas - o sol símbolo de vida, associa-se ao povo que trabalha incessantemente, como o próprio Baltasar, apesar de decepado. a lua não tem luz própria, depende do sol, tal como Blimunda depende de Baltasar. A lua atravessa fases, o que representa a periodicidade e a renovação.
Cobertor - símbolo de afastamento, da separação que marca o casamento de convivência entre o rei e a rainha. Liga-se à frieza do amor, à ausência do prazer, esconde desejos insatisfeitos.
Colher - símbolo de aliança, da “união de facto”, de compromisso sagrado. Exprime o amor autêntico numa relação de paixão, a atração erótica de um casal que desenvolve uma calorosa paixão.
Linguagem e Estilo
Estes
aspetos ultrapassam o seu pendor exclusivamente gráfico e repercutem- se na
própria teia, tecida pelo narrador, onde não se destrinçam sem algumas
dificuldades as origens e a pertença de vozes da narrativa manobradas e
interrompidas, qui e acolá, com este ou aquele comentário ou aparte, a seu
bel-prazer.
·
O narrador conta a história reproduzindo as falas das
personagens, num discurso próximo da oralidade, como se estivesse junto a nós;
·
Não se verifica a mudança de linha no discurso direto;
·
não há recurso a sinais gráficos (dois pontos,
travessão, aspas e itálicos);
·
A construção da pausa efetua-se através do uso da vírgula
e da letra maiúscula;
·
As frases e a ausência de pontuação favorecem
a pluralidade de vozes;
·
Uma só frase é já um diálogo, ou fragmento
de dialogo, onde cabem o acordo e o desacordo;
· Dá à linguagem um de cronica histórica, quer
no género quer no sentido de quem conversa, com recurso à voz do
autor, à ironia, à referencia filosófica;
·
A sua linguagem flutua entre a riqueza dos termos,
jogos conceituais e duplicidades sintáticas, que se combinam com
discursos simples de oralidade, cheios
de expressões triviais, frases idiomáticas/provérbios, ditados,
humor e ironia.
Visão Crítica
Tendo como pretexto a construção do convento de Mafra,
Saramago, adotando a perspetiva de um narrador distanciado do tempo da diegese,
apresenta uma visão crítica da
sociedade portuguesa da primeira metade do século XVIII. É neste
sentido que Memorial do
Convento transpõe a classificação de romance histórico, uma vez
que não se trata de uma mera reconstituição de um acontecimento histórico, mas
é antes um testemunho intemporal e
universal do sofrimento de um povo sujeito à tirania de uma sociedade em que só
a vontade de El-Rei prevalece.
Logo desde o início do romance é visível
o tom irónico e, até
mesmo, sarcástico do
narrador relativamente à hipotética
esterilidade da rainha e às infidelidades do rei. Esta atitude irónica do narrador mantém-se ao
longo da obra, denunciando o comportamento leviano do rei, a sua vaidade
desmedida e as promessas megalómanas de que resulta o sofrimento extremo dos
homens. O clero, que exerce
o seu poder sobre o povo ignorante através da instauração de um regime repressivo
e que constantemente quebra o voto de castidade, também não escapa ao olhar crítico do narrador.
A atuação da Inquisição é de igual modo criticada ao longo do romance,
nomeadamente, através da apresentação de diversos autos-de-fé e uma crítica às pessoas que dançam em volta das fogueiras onde se queimaram os
condenados.
Assim, são sobretudo as personagens de
estatuto social privilegiado o alvo da crítica do narrador que denuncia as
injustiças sociais, a omnipotência dos poderosos e a exploração do povo –
evidenciada nas miseráveis condições de trabalho dos operários do convento de
Mafra; ao mesmo tempo que denota empatia face aos mais desfavorecidos, cujo
esforço elogia e enaltece.
Construção da Passarola
O
sonho do Padre Bartolomeu de Gusmão concretiza-se na construção da passarola.
Esta narrativa encaixada alterna irregularmente com a primeira, apresentando-se
em sequências diferentes.
Na
construção da passarola, na quinta de S. Sebastião da Pedreira, intervêm, além
de Frei Bartolomeu, Baltasar e Blimunda, mulher cujo poder especial de vidência
permitirá encher as esferas com as vontades que recolherá entre os humanos e
inspecionar os matérias. O primeiro voo da passarola é agitado, poi o Padre
Bartolomeu, Perseguido pela Inquisição, apressa essa viagem extraordinária.
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Passarola Personagens
Relações Amorosas
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